Em Seminário de Saúde da Fetrafi-MG, bancários debatem sobre os riscos psicossociais e inteligência artificial
Impactos das tecnologias na saúde
As mesas da tarde do Seminário de Saúde da Fetrafi-MG debateram sobre o enfrentamento aos riscos psicossociais e as formas de combate aos mecanismos adoecedores utilizados como ferramenta de gestão.
Para a auditora-fiscal do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE), Odete Reis, uma importante ferramenta para o enfrentamento aos riscos psicossociais para a categoria bancária são a NR-1 e a NR-17, que agora delimitam quais são os riscos psicossociais que precisam ser gerenciados. “A NR-1 e NR-17 nos ajuda a ter base para os autos de infração, mas elas são primeiramente instrumentos de prevenção de adoecimento, mas a cada atualização é um reboliço das empresas para fugir da implementação delas”, pontuou.
O doutor em psicologia da PUC Minas Carlos Eduardo Carrusca questionou se estamos de fato vivendo uma crise de saúde mental, pois para ele a crise é social devido às experiências de trabalho que estão cada vez mais precarizadas pela informalidade, pela influência das big techs e inteligência artificial e pelo assédio moral nas instituições. “Não adianta aumentar a resiliência do trabalhador, com massoterapia ou esportes variados, por exemplo, se não mudar os processos de trabalho que deterioram a saúde do trabalhador”, destacou.
O impacto das novas tecnologias no trabalho e na saúde do bancário foi o tema debatido por Ramon Peres. O presidente do Sindicato dos Bancários de BH e Região (Seeb-BH) destacou que a inteligência artificial pode trazer alguns benefícios para os bancários como automação de tarefas repetitivas e criação de novas oportunidades de trabalho. “Para os banqueiros, no entanto, a inteligência artificial aumenta o lucro, por causa das agências fechadas e diminuição de funcionários. Mas, para os bancários, os malefícios vão desde o aumento de pressão, monitoramento e insegurança no emprego até a desumanização no trabalho”, reforçou.
Foram apontados como métodos adoecedores pelo Secretário de Saúde da Contraf-CUT, Mauro Salles, o excesso de trabalho, as metas abusivas, o assédio e o medo. Ele também apontou como a tecnologia é utilizada como mecanismo adoecedor, relembrando a demissão de 1.000 funcionários do Itaú. “A vigilância é total. A cobrança não vem mais de um chefe físico, mas de um software que nunca dorme”, ressaltou.
Um caminho de enfrentamento apontado por M?nica Brull, coordenadora do Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT) é a ocupação pelo movimento sindical de espaços como o CISTT, Conselhos de Saúde e CEREST. “Dentro dessas comissões, a gente tem a possibilidade de fazer acordos, de apontar problemas de todas as categorias. É uma forma de interferir e lutar por nossos direitos. Ocupem esses espaços! Essa é a minha convocação”.
Já Suely Teixeira, advogado previdenciária do Seeb-BH relembrou que a mobilização histórica do movimento sindical bancário já garantiu avanços como a complementação salarial para trabalhadores afastados, licença maternidade de 180 dias e implementação do programa de prevenção e tratamento e readaptação de LER/DOT, por exemplo. “Agora precisamos usar essa experiência de luta para garantir que as tecnologias de inteligência artificial não retirem postos de trabalho, mas promovam qualidade de trabalho e saúde para a categoria”, destacou.
Fonte: Fetrafi-MG.
