BC de Campos Neto boicota a economia com Selic em 10,5%, alertam movimentos sociais
“Se a Selic alta não é boa para o povo brasileiro, se não é boa para o Brasil, para quem o Campos Neto está trabalhando?”
Movimentos sociais foram às ruas, nesta terça-feira (30), para protestar contra a política monetária do Banco Central, realizada por meio do Comitê de Política Monetária (Copom) e que decide a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), hoje em 10,5%.
"Chamamos a atenção para o grande impacto da Selic, no nível em que está, sobre o poder de compra da população. Se por um lado estamos vendo o aumento de empregos, por outro, o salário dos trabalhadores está sendo corroído pelos juros altos", explicou Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Os protestos foram realizados no primeiro dos dois dias de reunião do Copom, que se reúne a cada 45 dias para definir a Selic. No último encontro, a entidade monetária manteve o índice em 10,5%, rompendo com o ciclo de cortes que vinha ocorrendo desde agosto de 2023, após intensa pressão popular, de setores produtivos e do governo federal.
“Quando Campos Neto, presidente do Banco Central, indicado ao cargo por Bolsonaro, defende e vota pela manutenção da Selic elevada, mostra que não tem compromisso com o povo brasileiro, mas sim compromisso em boicotar a economia brasileira. Se a Selic alta não é boa para o povo brasileiro, se não é boa para o Brasil, para quem o Campos Neto está trabalhando? Porque os únicos beneficiados com a taxa básica de juros extorsiva do jeito que está são os especuladores do mercado financeiro, os super-ricos, não é a população”, destacou a dirigente.
Nas atas de decisão sobre a Selic, o Copom vem justificando como razão para o índice elevado o controle da inflação. "Esse não é um argumento. O IPCA, principal medidor de inflação do país, divulgado pelo IBGE, segue controlado. A meta de inflação estimulada para o país neste ano, por exemplo, é de 4,5%, e o IPCA divulgado em julho, acumulava alta de 4,23%, nos últimos 12 meses", destacou Juvandia Moreira.
Como a Selic afeta a população
Por meio da imprensa e do boletim Focus, que é produzido somente escutando o mercado financeiro e não a população, o Banco Central tem indicado que irá manter a Selic em 10,5% até o final do ano.
"A taxa de juros, no atual patamar, de 10,5% ao ano, sendo a segunda maior do planeta, é criminosa", destacou o presidente da CUT, Sério Nobre. “Elimina investimento produtivo, promove a maior transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos”, completou.
Como a Selic é base para a definição de outras taxas da economia brasileira, incluindo a dos bancos, a manutenção do índice elevado impacta negativamente o desenvolvimento do país, como explica a economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Vivian Machado.
"Se o índice aumenta, aumentam os juros cobrados pelo sistema financeiro. Em outras palavras, as compras a prazo, financiamentos e empréstimos ficam mais caros, tanto para as famílias quanto para as empresas investirem em seus negócios. Isso desestimula o consumo e, com o consumo menor, setores produtivos e de serviços vendem menos, se vendem menos, não contratam. Então, é assim que a Selic afeta toda a economia: se estiver alta, desestimula o consumo e, com isso, prejudica o crescimento do país", resumiu.
O secretário de Assuntos Econômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale, que também esteve nas manifestações, lembrou ainda que, como a Selic é o principal índice de negociação dos títulos públicos, a alta dos juros básicos aumenta os gastos públicos. "Só no ano passado, que foi um período em que a taxa básica começou o ano em 13,75% e terminou em 11,75%, o governo brasileiro pagou cerca de R$ 700 bilhões com juros dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional. Isso significa drenar dinheiro público que poderia ser investido em setores fundamentais, como Saúde, Educação e Segurança, para o mercado financeiro", completou.
Fonte: Contraf-CUT.